Cientistas captam pulsos elétricos que indicam alerta proativo entre árvores da mesma floresta.
E se as árvores estivessem conversando agora mesmo e nós nunca tivéssemos percebido? Um estudo inédito conduzido por cientistas da Southern Cross University (Austrália) e do Instituto Italiano de Tecnologia revelou que as florestas possuem um sistema de comunicação bioelétrica altamente desenvolvido — e que ele pode prever fenômenos naturais com horas de antecedência.
No coração da floresta Costa Bocce, nas Dolomitas italianas, os pesquisadores registraram algo surpreendente: bétulas antigas emitiram sinais elétricos para as árvores vizinhas antes mesmo de um eclipse solar ocorrer. As mais velhas foram as primeiras a "falar", sugerindo uma forma de transmissão de conhecimento ambiental adquirido ao longo da vida, como se fossem as guardiãs da sabedoria ecológica.
Mas o que torna essa descoberta tão impactante é que as mensagens trocadas não são respostas a algo que já aconteceu, como mudanças bruscas de clima ou ataques de pragas. Pelo contrário: são avisos proativos — sinais de que algo está prestes a acontecer, permitindo que a floresta se prepare coletivamente.
Com o uso de sensores ultrassensíveis, a equipe detectou alterações nos pulsos bioelétricos das árvores horas antes do eclipse. Conforme os sinais se espalhavam, as árvores começavam a se sincronizar em comportamento, como um coral silencioso de antenas naturais.
“O fato de as árvores velhas reagirem primeiro diz muito sobre seu papel como bancos de memória ecológica”, explica a equipe. “Elas guardam registros dos eventos ambientais do passado e ajudam a floresta a resistir às mudanças futuras.”
Essa descoberta reforça a importância crítica das florestas antigas, não apenas como patrimônio natural, mas como infraestruturas vivas de sabedoria e resiliência ambiental.
Convite para o próximo artigo:
“O que mais as florestas escondem? Entenda o ‘Wood Wide Web’, a verdadeira internet subterrânea das árvores.”